Muitas pessoas ainda carregam receios em visitar um psicólogo devido aos preconceitos associados a transtornos mentais. Entretanto, a terapia é destinada a pessoas que vivenciam algum sofrimento emocional advindo de qualquer natureza. Contrário ao que muitos pensam, fazer terapia não é recomendado apenas para pessoas com algum transtorno listado nos manuais de saúde.
A definição de transtornos em categorias diagnósticas é uma forma de melhor estudar fenômenos que apresentem sinais e sintomas de forma relativamente homogênea. Entretanto, nem sempre o conjunto de sintomas se dá de forma a se caracterizar como um transtorno específico, o que não significa que não haja um sofrimento associado. Os estudos mostram que pessoas com sintomas depressivos que não atingiram critério diagnósticos (ou seja, não apresentam o transtorno) sofrem prejuízos igualmente importantes na vida diária.*
Portanto, a terapia tende a contribuir para pessoas com ou sem transtorno mental. O sofrimento vivenciado em situações do dia-a-dia podem ser melhor compreendidos durante o tempo de sessão e terapeuta e paciente procurarão formas alternativas e adaptativas de abordar essas experiências emocionais.
Neste sentido, para aqueles que vivenciam algum sofrimento (por exemplo: preocupações excessivas, medo do futuro, insônia, sensação de vazio emocional, perda de interesse em atividades que antes sentia prazer, desesperança, tristeza profunda, sentimentos de culpa ou inutilidade, irritabilidade) é interessante a procura de um profissional da saúde mental, como o psicólogo, para que possa ser amparado em suas dificuldades. Sabendo agora, que terapia não é só para quem tem algum transtorno, e sim para todos que apresente algum sofrimento de natureza psíquica e emocional.
Referências.
*Estudos que demonstram como pessoas sem sintomas sofrem alterações em sua funcionalidade mesmo não apresentando o transtorno mental.
Backenstrass M, Frank A, Joest K, Hingmann S, Mundt C, Kronmüller KT. A comparative study of nonspecific depressive symptoms and minor depression regarding functional impairment and associated characteristics in primary care. Comprehensive Psychiatry. 2006 Jan;47(1):35–41. Acessar: https://doi.org/10.1016/j.comppsych.2005.04.007
Brown LH, Strauman T, Barrantes-Vidal N, Silvia PJ, Kwapil TR. An Experience-Sampling Study of Depressive Symptoms and Their Social Context. Journal of Nervous & Mental Disease. 2011 Jun;199(6):403–9. Acessar: https://journals.lww.com/jonmd/abstract/2011/06000/an_experience_sampling_study_of_depressive.9.aspx
Estudo no Brasil :
da Silva SA, Scazufca M, Menezes PR. Population impact of depression on functional disability in elderly: results from “São Paulo Ageing & Health Study” (SPAH). European Archives of Psychiatry and Clinical Neuroscience. 2012 Aug 8;263(2):153–8. Acessar: https://doi.org/10.1016/j.genhosppsych.2013.11.003
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